O vento que de longe me adivinha em tudo, reaviva meu querer, desfaz meu caminho trazendo minha dança, outra dança...
O dia está vestido de azul. O tempo parado no meu sangue. Pássaros fazem dos seus vôos minhas recordações...
Preciso buscar uma notícia. Abrir esta notícia significa ser cúmplice das minhas próprias aventuras. Ela vai mostrar se sou capaz de suportar algo por mim mesma. Agora sou eu cuidando de mim...
Convoco Priscilla, morena linda é o nome dela. Dona da gargalhada mais alegre que conheço e partimos para o Rio do Leblon...
O céu do Rio me parece mais próximo. Sinto o sol se curvando para o mar, mostrando ainda mais a profusão da beleza...
Priscilla tem sonhos, se abre a eles ouvindo os meus. Não temos segredos, só lembranças de choros e risos. Já tentou segurar um avião pra acalmar meu coração. Briguei muito pra não deixar sua igreja ser destruída, hoje ela é que briga comigo...
Minha fé é sagrada, divina, invisível aos olhos e infinitamente genuína em mim...
A fé dela alcança meus passos e colore meu caminho...
Temos o resultado da minha notícia nas mãos. O coração dela se curva de frio. Vi sob a partícula dos seus olhos o medo. O mesmo medo que tenho.
Perguntas silenciosas. Respostas mudas gritantes. Estava escrito...
Entendi o que estava apontado, ela não percebeu. Às vezes é bom não saber.
E começo falar besteiras e rimos de nós mesmos. Ela esquece da minha notícia.
A caminho de Ipanema, arranho a música da GAROTA, invadindo o calçadão como a tal.
Ela ri, acha graça da minha suspeita bravura e do meu canto desafinado no meio de CARIOCAS bronzeados, e brincamos...
O por do sol se prepara para o espetáculo. Avisto o Arpoador cheio de espectador hipnotizado. O Rio depois de JANEIRO é de FEVEREIRO, é mais lindo, tem mais samba e cheiro...
Priscilla abre os braços afagando os últimos raios do nosso momento atenta ao tempo, penetrando em seus sonhos que antes escapava pelos ventos.
-Se joga pra vida Pri, e você será muito feliz!
Hoje ela estuda LETRAS enquanto eu brinco de versos e poesias sem rima métrica. Amanhã na licenciatura da Literatura, declamará uma poesia pra mim, atenta ao meu tempo e tanto de amor
Quem sabe será uma estudiosa das minhas palavras? Minhas palavras que têm vida, têm dança, cheiro, cor, sentimentos... Escrevo com o coração, sem saber se isto é bom.
E RIO com a notícia na mão sem molhar meus olhos...
A vida das pessoas acende o meu caminho...
E penso no que está entreaberto. Aperto meus lábios. Suspiro tremendo. Passam tantas visões, até a vaga sombra das nuvens escondidas pelo sol que é maior. O sol é maior.
Vou viver indiferente a qualquer resultado. Viver. Viver minha vida COMPLEXA com um amor infinito que me cabe e escorre e me devolve a luz. E me amarei mais e esperarei mais, amando cada vez mais...
Ipanema se deixa reluzir, Priscilla soRIO se ri e me sorri. Já passam das 18:00hrs.
Meus pés nascem da areia indo ao meu encontro. E volto pra mim sem me trair e vou descobrir...
Na minha ilusão imprevisível, somos seguidas pelo Chaplin que no caminho imaginei encontrar. Recebo uma rosa com um beijo, me deslumbro com tanto encanto...
É a vida. O artista. O Rio. O percurso. O vento. Sou eu. Priscilla. Vários e variados. Leblon. Cariocas. Alegria. Batuque. Ipanema. Tempo...
O tempo do meu encontro, encontro lento. Que em tudo me adivinha com a lucidez de quem me vê perdida de amor pra sempre que nem o vento é capaz de levar |
| Mônica Parreira |
Até...
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